Ayahuasca o vinho da alma

 

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Imagem: reprodução internet

O título faz alusão a um documentário que assiste anos atrás sobre a Ayahuasca.

Decide escrever sobre minha experiência com a ayahuasca de novo pois o post que mais recebo comentários até hoje é um post, de mesmo tema, que escrevi tempos atrás.

Naquela época eu tinha outra visão sobre tudo, inclusive sobre essa experiência que tive. Depois daquele primeiro contato tive mais de 6 novos contatos com o chá e com outras formas sagradas da selva que me transformara. Ainda bem que minha opinião sobre quase tudo muda o tempo todo.

Pois, aqui vai um pequeno relato desta incrível jornada de amor, cura, respeito e libertação.

Muitos pensam que se trata de uma droga que tira teu estado de consciência, uma pena, pois em muitos aspectos te ajuda a enxergar coisas que você jamais perceberia a olhos nus e cegos.

Minha jornada com a planta começou em 2012 se me lembro bem, na União do Vegetal (uma das religiões, no Brasil, que utilizam o chá em seus rituais) na época eu estava em ruptura com vários padrões sociais, religiosos e impositores que me afetavam, então, foi uma experiência pra lá de curiosa que relato no post tão visitado e um pouco polêmico aqui no blog. Para ler clique aqui.

Depois desse contato fiquei anos absorvendo aquilo tudo e mudando meu olhar sobre tudo o que tinha acontecido naquela sessão.

Pra quem não conhece a ayahuasca é o resultado de um profundo e sútil cozimento de um cipó e das folhas de um arbusto ambos nativos da amazônia.

É uma experiência tão profunda que é vazio limitar apenas os efeitos que ela provoca fisicamente na gente e em muitas pessoas fisicamente não produz nada. Ao experimentar o chá você entra em contato com uma substância chamada DMT (tem um documentário muito bom chamada DMT no Netflix) que provoca um mergulho interno nas partes mais profundas e escuras de cada um de nós.

Sobre as mirações, não consegui escrever nada melhor do que o trecho deste texto:

“As mirações são como um livro ilustrado da própria vida, em que se é possível percorrer por páginas abertas aleatoriamente, acessando capítulos e parágrafos que normalmente gostaríamos de pular. Através de memórias, símbolos e códigos fractais, o paciente tem a oportunidade de lidar com as questões mais profundas de seu ser. Cabe a ele escolher como quer encarar as questões que se apresentam: aceitando-as e, consequentemente, abrindo novas portas de percepção que o levarão ao perdão, à auto-aceitação, à libertação de culpas, medos e traumas; ou negando-as, o que vem a tornar a experiência quase que insuportável: é quando ocorre a temível “peia”.”

É em contato com o chá que você se percebe sem véus, sem máscaras, sem nada que socialmente você tenha que aparentar é onde você é o melhor e o pior de si numa dança dura e incansavél de rompimento de amarras e paradigmas muitas vezes tão arraigados que se tornaram imperceptíveis.

Quase todas as minhas outras experiências, depois desse primeiro contato, foram em tribos ou com pajés, e, ao retornar ao Brasil entrei em contato com o Santo Daime que com amor e compaixão percebi a religião com outros olhos.

Depois da União do Vegetal, consagrei o chá na Argentina, Bolívia e Perú onde passei semanas morando na aldeia Shipibo (povos ancestrais da Amazônia peruana) e até agora ando entendo aqueles processos tão profundos e libertadores.

Podería passar horas aqui escrevendo sobre essas experiências (me renderam um caderno completo de histórias acessadas) que me revelaram o pior e o melhor de mim, mas este post é mais um esclarecimento de que meu olhar se modificou profundamente em relação as religiões e sobre aquele primeiro contato com o chá.

Fico muito triste em saber que o comércio  do chá se vulgarizou. No Perú, por exemplo, você pode comprar o chá no mercado local e tomá-lo onde quiser e como quiser e com quem quiser uma planta tão sagrada caindo em mãos tão vazias em corações gananciosas por dinheiro.

Lá na comunidade Shipibo eu pude percceber a importância daquela planta, a importância de cuidar e preservar aquela medicina.

Recomendo o filme Blueberry.

As religiões são compostas por pessoas, que assim como você, estão buscando sua cura e com seus lados escuros e sombrios guiam multidões distorcendo o próposito inicial de amor, empatia e compaixão. Não esqueça que você está aqui aprendendo também e cheio de sombras e erros a gente vai se concertando, se redescobrindo e se curando.

Este post, clique aqui, diz tudo o que eu queria dizer sobre a Ayahuasca, então não vou me prolongar aqui. Um dia relato uma das experiências mais profundas que tive com o chá e o quanto tudo aquilo foi libertador.

A ayahuasca é mais uma ferramenta para nos conectar com o mais profundo de nós.

Que todos os seres estejam em paz, sejam felizes e se libertem.

Com amor.

Ale.

2 comentários Adicione o seu

  1. Alice disse:

    flor, muito sincero e consciente seu relato!
    li o outro mais antigo e me lembrou esse texto: http://jkrishnamurti.org/pt/krishnamurti-teachings/view-daily-quote/20120516.php?t=Authority
    (que foi justamente lido no lugar onde consagro ayahuasca, com foco em autoconhecimento, sem ligação religiosa)
    e me lembrou vipassana… que foi onde te conheci! =) e gostaria muito de ler suas reflexões sobre essa experiência tb, se algum dia quiser compartilhar!
    beijos e bons ventosss

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    1. lachicavegana disse:

      Vou ler com todo amor. Pode ser sim, tenho até escrito já…. ❤
      Bons ventos pra nós. Beijos.

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